sábado, 30 de março de 2013

À LAIA DE AUTOBIOGRAFIA

OS MEUS VALORES E OS MEUS PRINCÍPIOS (SÍNTESE)

O meu primeiro princípio é a verdade,
a assertividade o meu caminho,
minha maior bandeira a liberdade...
Fulcro de minha balança... a igualdade,
fraternidade... o doce do meu vinho...
Minha maior riqueza é a saúde...
Para mim é a justiça alto valor
e assumo a coragem por virtude
sendo o têmpero da vida um grande amor...
E... acrescento ainda ao meu perfil...
ser português, ser militar e ser de ABRIL !...

    Matos Serra

quinta-feira, 28 de março de 2013

  A NOSSA HISTÓRIA

Ela estava vestida de ternura,
seus modos retraídos, circunspetos...
senti nascer em mim doce ventura,
dispararem meus sonhos e afetos.

Cinco anos! Era, apenas, nessa altura,
para definir os dados mais concretos...
perspetiva de doce formosura...
Hoje... Ela é  avó dos meus dois netos.

Fora, com seu irmão, a casa dela,
e, assim... começou esta aventura...
que nos tornou a vida numa tela
de cor e movimento qu'inda dura.

Eu, sete anos! Meu tempo da escola,
dispensado de afagos e carinhos...
armado de uma ardósia e da sacola,
já a traçar meus rumos e caminhos.

Iniciara a escola, era um petiz...
como se diz na gíria rotineira...
mas... á minha maneira, era feliz
e queria ser feliz p'rá vida inteira.

Dos meandros da vida um aprendiz...
convida-me o amigo de carteira
que elabora seus planos e me diz:
Queres ir 'studar comigo a tarde inteira?

Claro! Disse eu... E fomos estudar...
também brincar um pouco, obviamente...
A vida tinha muito p'ra nos dar...
O mundo estava todo á nossa frente.

E... Fomos estudar para sua casa
com o programa feito e nada mais,
cada qual era livre... com a asa
tão solta como a asa dos pardais.

Ficamos a estudar a tarde inteira,
aclarando as lições p'ró outro dia,
empenhados e, assim... dessa maneira...
cada um aumentava o que sabia.

Sua irmã afastada e distraída...
de modos retraídos, circunspetos...
aproximou-se um pouco e... de seguida,
fez disparar meus sonhos e afetos.

E... foi então, assim... que nessa altura
senti a minha alma enternecida;
e disparou, assim, minha ternura
para durar, em mim, p'ra toda a vida.

 Matos Serra, in sonhos e afetos.
   É PRECISO V
AO POVO - SONETO DE INDIGNAÇÃO

Precisas povo! Ergueres-te e vires p'rá rua
unires a tua força e dizeres - BASTA !....
impôres-te à vilania que te arrasta
à pobreza que te tolhe e se acentua!...

Enquanto a camarilha se insinua
na sua ostentação vil e nefasta
porque te usa, porque abusa, porque gasta...
e te rouba a riqueza... Porque é, TUA.

É hora de dizer a esta gente
que acedeu ao poder com falsidades
e se pôs ao serviço da canalha...

Que a luta vai ser dura e inclemente...
p'las aldeias, p'las vilas e cidades
e que... vai ser batalha após batalha!...

    Matos Serra, um muito indignado
    Capitão de ABRIL

domingo, 17 de março de 2013

MIGUÉL URBANO RODRIGUES - O AUTOR E A SUA OBRA

     TEXTO RELATIVO À APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE MIGUEL URBANO RODRIGUES
     "TEMPO DE BARBÁRIE E LUTA" PORTALEGRE 28 - 09 - 2011, CUJA LEITURA, A  
     VÁRIOS TÍTULOS, OUSO ACONSELHAR.

                         SOBRE O AUTOR E A SUA OBRA

Conheci, pessoalmente, Miguel Urbano Rodrigues, há um pouco mais de trinta anos, antes dessa data ele era já, para mim, uma lenda viva e a minha admiração pela sua obra, e pela sua dimensão de humanista e intelectual empenhado na luta por um mundo mais justo e fraterno faziam com que eu o referenciasse como um exemplo, a ter em conta, no encaminhamento da vida.
Quiseram os acasos da vida que nos viéssemos a conhecer, pessoalmente, e, até, a ter relações de trabalho, muito estreitas, no sentido de próximas, na área da comunicação e da informação, num processo que ele lidarava com a sua sábia batuta e em que eu muito me orgulho de ter participado e me ter empenhado para cumprir o melhor possível a minha missão com abnegação e disciplina, mediante o seu exemplo e orientação.
Há sessenta anos a escrever, a sua atenção sobre a história e as transformações do mundo originaram, progressivamente, muita reflexão e conhecimento. Essa reflexão e conhecimento originaram a sua mundividência, assente, sempre, num eticismo que evoluíu, com coerência, com base numa preocupação com o destino dos seres humanos e com a sua aspiração a um mundo melhor, mais coerente, mais justo, mais equilibrado, onde todos pudessem usufruir, mais equitativamente, dos bens materiais, técnicos, científicos, estéticos e culturais que a história foi capaz de colocar ao dispor da Humanidade - um mundo onde não fosse aceitável a extorsão destes bens, quer eles sejam o petróleo, o gás natural, os metais raros, os bens alimentares ou as conquistas gerais nas áreas da técnica, da ciência, da arte ou da cultura, a favor de alguns poucos com prejuízo para a Humanidade inteira.
A participação de MUR tem sido feita não só através da escrita, tão rica e fecunda, e do mundo da comunicação, como, também, através de uma incansável militância política e preocupação social, efetivada através de foros sociais realizados pelo mundo inteiro e através de encontros, seminários e colóquios nacionais e internacionais, onde a sua intervenção é, por demais, reconhecida.
É notável a sua abordagem dos problemas da crise mundial do nosso tempo, crise que é, essencialmente, de princípios e de valores que, por isso, a fazem reverter em crise económica, política e financeira, e, também, em crise ética e civilizacional.
A sua reflxão sobre a História, quer se trate de situações da América Latina ou das guerras de agressão no Médio Oriente, nos Balcãs, Afeganistão, Iraque, Líbano, Vietname ou África, enfim...no mundo em geral, onde um punhado de estorsores condicionam e escravizam a vida de milhões de seres humanos.
O que a sua escrita nos diz, tentando contrapor-se à clonagem geral das consciências... é, que é inaceitável esta visão imperialista do mundo e que não devemos esperar que este espírito imperial seja devorado pela  própria gula dos seus atores, o que traria o descalabro do mundo, mas que os seres humanos honestos e solidários devem congregar-se, numa luta concertada, contra a barbárie que está destruindo a própria vida sobre o planeta.
Uma das grandes preocupações do autor, expressa neste, como noutros livros, que tem publicado em muitos anos de atividade literária, é o alerta sobre a falsificação da História como arma política da classe dominante, e essa, tem sido uma das suas principais batalhas nos últimos anos.
O esclarecimento sobre o sistema mediático, que usa o próprio processo informativo, os média, para descarregar um gigantesco arsenal de mensagens para controlo hegemónico da própria informação, promovendo a alienação e transformando gigantescas mentiras nas mais calorosas verdades. (Chamo, aqui à colação, como exemplo, a campanha que antecedeu a monstruosa guerra do Iraque, iniciada em 20 de março de 2003, depois da cimeira da vergonha, na Ilha Açoriana das Lages.)
O autor mostra-nos, através dos seus escritos, de que este livro é um repositório, que é necessário, os homens e mulheres conscientes, assumirem como tarefa inadiável, a desmontagem e desmistificação da mentira e da desinformação e a compreensão e esforço solidários contra estes mecanismos de opressão da atual fase do capitalismo neoliberal.
Neste livro... o autor não se limita ao aclaramento, compreensão e constatação sobre esta estratégia de domínio imperialista do mundo, mas... põe a necessária e pertinente pergunta: QUE FAZER ?
O seu esforço vai no sentido de que a pergunta se generalize. Poderão muitas pessoas pensar e dizer: mas, afinal... de que serve fazer a pergunta? se o que é necessário é a resposta? Mas, eu sei que muitas outras cabeças pensantes têm outra visão do problema... por saberem, tanto de pensamento discursivo como de intuição pura, que... quando se põe uma pergunta é porque já se sabe, pelo menos, uma boa parte da resposta, e este é, quanto a mim, o aspeto mais positivo da colocação de uma tal e crucial pergunta, para além de que, nos tempos que decorrem, o alheamento e a indiferença coloca a cada um o peso de uma grande responsabilidade perante o facto de se ter consentido passar às futuras gerações um ambiente definitivamente inabitável, porque aquilo  que as guerras de agressão e de rapina nos perspetivam é a própria destruição ambiental e o aniquilamento do planeta, logo, é preciso que cada um se interrogue como sinal de que ultrapassou o absurdo alheamento, e se integra num espírito de cidadania que concorra para uma resposta aos problemas cruciais do nosso tempo:
TEMPO DE BARBÁRIE E LUTA
Os problemas colocados resultam da sua intervenção ativa entre 2002 e 2010, em comunicações apresentadas em foros, conferências, encontros, seminários e colóquios, nacionais e internacionais um pouco por todo o mundo.
Destaco, pela sua importância: A sua intervenção em 25 de janeiro de 2003, no Foro Social Mundial, em Porto Alegre, Brasil, proferida na iminência de uma nova e monstruosa guerra, a Guerra do Iraque, pag. 23, em que define a natureza e estratégia do imperialismo neoliberal e lança um desafio aos movimentos sociais e aos partidos revolucionários no sentido da sua mobilização contra a escalada iminente da barbárie.
NOTA: Apesar do mundo se ter mobilizado ( na véspera fui convidado, enquanto capitão de ABRIL e fiz uma intervenção na Praça da República na minha cida de Portalegre) contra a perspetiva da guerra, os falcões vieram a decidi-la na cimeira da vergonha.

Passei a palavra ao autor e meu querido amigo, Miguel Urbano Rodrigues, que como um dos mais genuínos comunicadores deste país, esteve muito mais apto do que eu para falar desta obra tão necessária e pertinente para a compreensão dum estado de coisas que n~~ao podem ficar na floresta do alheamento.

Foi feito em Portalegre, aos 28 de setembro de 2011

Francisco Manuel Matos Serra

CONSELHOS ÀS MINHAS AMIGAS E AOS MEUS AMIGOS

QUADRAS AO BOM HUMOR (CONSELHOS DE UM EPICURISTA) Se queres ter um paraíso, relativo, ao teu dispôr, não retenhas um sorriso, nunca negues uma flor. Atenta num canto de ave, sua plumagem e cor... porque podem ser entrave a qualquer espécie de dor. P'rá vida ter mais valor, mais interesse e qualidade... nunca esqueças o amor, o carinho e a amizade. Não te deixes envolver pelo casulo da tristeza, a alegria pode ser a nossa maior riqueza. Musicar cada momento... da vida simples e calma, traz alegria e alento e enriquece a nossa alma. Eu, quando tenho um problema que parece não ter fim... ponho a estrofe de um poema a cantar dentro de mim. Cantar é remédio santo, vence tristeza ou doença... eu, triste, ou doente... canto... e não há mal que me vença. Sou discípulo de Epicuro, busco paz e alegria, o meu cardápio seguro para adoçar o dia-a-dia ! Matos Serra

PEDRO PINGAMOR

PEDRO PINGAMOR - UMA HISTÓRIA DA HISTÒRIA Nas linhas amorosas de um quadrado meteu Pedro Primeiro, rei português, filho de Afonso, o Bravo do Salado, à Constança, à Teresa e à Inês... Que, no seu coração apaixonado, couberam, certamente, todas três... e foi sem grande esforço... foi deitado... que ele a todas fez filhos, e... mercês. Não teria ficado por ali... o Pedro vigoroso beija-flores, e, segundo os relatos que eu já li, a todas ele amou intensamente. Pedro foi o maior dos pingamores... maior que o Casanova, certamente. Matos Serra, in Poemas de Amor, sensualidade e erotismo.

terça-feira, 12 de março de 2013

É PRECISO IV É precisa consciência nacional, Contestar o poder que nos despreza, Exigir outro rumo orçamental E muita mais ação e menos reza. É preciso arredar este orçamento, Restaurar e promover a produção, É precisa outra ação e pensamento… Assegurar amor, trabalho e pão. É precisa a solidariedade, Mutualizarmos a força e a ação, Lutarmos pela nossa dignidade E salvarmos a honra da nação. Precisamos livrar-nos desta gente Que despreza os direitos deste povo… Darmos sentido à força de uma frente Com outra direção e rumo novo. É preciso dar força à nossa ação P’rá luta decisiva que se ajuste… E que se façam apelos à razão Que despreze a mentira e o embuste. Precisamos juntar novos atores Para fazermos a história do momento, Alhearmos dos discursos dos traidores Que nos roubam a esperança e o alento. Precisamos inventar um novo Abril, Não aceitarmos discursos traiçoeiros Antes que metam o povo num redil Como simples rebanho de carneiros. É preciso organizar-se a nossa ira, O sonho, a razão e a vontade… É preciso contestar quem nos retira Todo o nosso quinhão de dignidade. É preciso que tu, povo, te levantes Como na história se fez algumas vezes… Contra sandeiros, corruptos e mandantes Que estão aniquilando os portugueses. Matos Serra, in poesia de luta social