quinta-feira, 28 de março de 2013

  A NOSSA HISTÓRIA

Ela estava vestida de ternura,
seus modos retraídos, circunspetos...
senti nascer em mim doce ventura,
dispararem meus sonhos e afetos.

Cinco anos! Era, apenas, nessa altura,
para definir os dados mais concretos...
perspetiva de doce formosura...
Hoje... Ela é  avó dos meus dois netos.

Fora, com seu irmão, a casa dela,
e, assim... começou esta aventura...
que nos tornou a vida numa tela
de cor e movimento qu'inda dura.

Eu, sete anos! Meu tempo da escola,
dispensado de afagos e carinhos...
armado de uma ardósia e da sacola,
já a traçar meus rumos e caminhos.

Iniciara a escola, era um petiz...
como se diz na gíria rotineira...
mas... á minha maneira, era feliz
e queria ser feliz p'rá vida inteira.

Dos meandros da vida um aprendiz...
convida-me o amigo de carteira
que elabora seus planos e me diz:
Queres ir 'studar comigo a tarde inteira?

Claro! Disse eu... E fomos estudar...
também brincar um pouco, obviamente...
A vida tinha muito p'ra nos dar...
O mundo estava todo á nossa frente.

E... Fomos estudar para sua casa
com o programa feito e nada mais,
cada qual era livre... com a asa
tão solta como a asa dos pardais.

Ficamos a estudar a tarde inteira,
aclarando as lições p'ró outro dia,
empenhados e, assim... dessa maneira...
cada um aumentava o que sabia.

Sua irmã afastada e distraída...
de modos retraídos, circunspetos...
aproximou-se um pouco e... de seguida,
fez disparar meus sonhos e afetos.

E... foi então, assim... que nessa altura
senti a minha alma enternecida;
e disparou, assim, minha ternura
para durar, em mim, p'ra toda a vida.

 Matos Serra, in sonhos e afetos.

Sem comentários:

Enviar um comentário