quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ALENTEJO, SAUDADES, MÁGOAS E AFETOS

Quantas águas e outras águas
passaram p'las tuas pontes...
e quantas mágoas... e mágoas...
pelos teus montes e fráguas...
Por quantas fráguas e montes!

Quantos trabalhos e dias
e quantas leiras aradas...
Quantas dores e alegrias...
quantas lutas e ousadias...
Quantas frias madrugadas!

Quantos os contos contados
em descuidados serões...
Óh! nos meus tempos passados...
quantos toques de finados...
Doridas recordações!

Quanta gente acompanhei
por quantas ruas e praças...
Quantos? são tantos... nem sei,
nos deixaram e chorei...
com quem antes troquei graças!

Quantos verões e primaveras
que se foram e tornaram
em chegadas de outras eras...
Quantos anseios e quimeras
em outonos que findaram!

Quantos bardos te cantaram...
quantos mais te hão-de cantar...
Quantos versos nos deixaram
poetas que conjugaram
as formas do verbo amar!...

Meu Alentejo de amores,
de afetos e amizades...
de graças, risos e flores...
de mágoas, penas e dores
e tantas, tantas... saudades!

Quantas folhas que tombaram
para virem, de novo, as flores...
Quantos invernos passaram...
quantos frios enregelaram
os corpos, com seus rigores

Quantos rebanhos pastaram
pelas campinas e prados...
Quantos ventos que sopraram,
quantas flautas que tocaram
os pastores tangendo os gados...

Quanto baile... quanta festa...
divertidos arraiais?
Podem chamar-te modesta...
Para mim... não há como esta...
Terra dos meus ancestrais!....

Quantas belas romarias
aonde se enamoraram
quantos Josés e Marias?
E quantas as nostalgias
desses tempos que passaram...

Pára... pára, coração...
ou, então... chora à vontade.
Mas... basta de invocação
desses tempos que lá vão...
Que me matas de saudade!

 Matos Serra in, Alentejo, as Terras e as Gentes.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013


 
ENCANTAMENTO  E… SAUDADE.
          Mote de Rosa Pires          
MOTE

És vida, poema e cor

Que sais da terra fresquinha,

Espelho, pureza, esplendor,

Fonte da vila, rainha.

 

Ao sair para Vaiamonte,

lá em baixo, junto à ponte,

paro e ouço em meu redor

um eco que vem do monte

e diz, à velhinha fonte,

és vida, poema e cor.

 

 

Imita uma voz magoada,

como de moura encantada

que, em cada dia, à tardinha,

diz à fonte emocionada:

Tu, és, vida renovada,

que sais da terra fresquinha.

 

 

Eu, ao ouvir essa voz,

lembro meus pais e avós

que sempre iam ao sol-pôr

e, levavam-nos – a nós…

p’ra ver, com eles, a sós,

espelho, pureza, esplendor.

 

 

Quando, eu, lá ia, sozinho…

levava o meu pucarinho

pintado, com a florinha,

que eu enchia de mansinho

e murmurava baixinho     

fonte da vila, rainha.

 

Matos Serra

 

 

                          
              RAINHA DAS FONTES
 (Mote de Rosa Pires – Poetisa de Monforte)

MOTE

És vida, poema e cor,

Que sais da terra fresquinha,

Espelho, pureza, esplendor,

Fonte da vila, rainha.

 

Das belezas desta vila

antiga, simples, modesta…

repositório que nos resta

da sua alma tranquila.

Tens o alo redentor

da vizinhança dos montes,

és a rainha das fontes,

és vida, poema e cor.

 

Um manancial de energia,

que as gentes vinham buscar

para usarem no seu lar,

p’ró vigor do dia a dia.

Em tempos, quando eu cá vinha,

voltava forte na ida,

porque, tu, és força e vida

que sais da terra fresquinha.

 

Tu suavizas as almas

e lavas penas e mágoas,

jorra paz das tuas águas

que cantam nas tardes calmas.

O teu som inspirador,

gemendo na fresca aragem,

é, no quadro da paisagem,

espelho, pureza, esplendor.

 

Foste-me porto de abrigo

onde mitiguei agruras,

pelas tuas águas puras

vinha sempre ter contigo.

E, cada vez que cá vinha,

averbava um bom momento…

Foste-me força e alento…

Fonte da Vila, rainha  !

                                                    Matos Serra 

    RECORDAÇÕES

Existe junto à vila de Monforte, minha terra, uma fonte velhinha como os séculos, que nos tempos passados fornecia água à população e a que os antigos atribuíam propriedades curativas.

A velhinha fonte está envolvida por um ambiente natural, bucólico e muito acolhedor e por ter sido, durante séculos, um manancial para os habitantes, perde-se na noite dos tempos a sua designação carregada de um profundo sentimento – “FONTE DA VILA”.

Para completar o quadro afetivo, o poema que segue radica no mote de uma poetisa minha conterrânea, “ROSA PIRES, que, como eu, se deixou inspirar por esse quadro bucólico que em tempos foi para mim lugar de constantes peregrinações

 

MOTE

 

És vida, poema e cor,

Que sais da terra fresquinha,

Espelho, pureza, esplendor,

Fonte da vila, rainha.

 

Aqui, onde, em tempos idos,

vinha beber tuas águas,

em silêncios recolhidos

lavava penas e mágoas…

Entre as urzes e as fráguas

eu sentia em meu redor

o silêncio redentor

das aragens destes montes…

Minha rainha das fontes…

És vida, poema e cor!...

 

Fonte, que és, da nostalgia

dos tempos da minha infância,

da água, enquanto caía,

ouço, ainda, a ressonância…

Sinto a suave fragrância

da natureza vizinha

e ouço de cada avezinha

um canto de terna calma…

Ternura doce p’rá alma

Que sais da terra fresquinha.

 

Recordo, da juventude,

o meu tempo das paixões,

em que, a água, era a virtude

que inundava os corações.

Em quantas ocasiões

eu fui colher uma flor…

para que a jura de amor

fosse solene e sentida…

e tu, fonte… eras ermida,

Espelho, pureza, esplendor.

 

 

 

 

Meu quadro vivo, sem preço…

ex-libris da frescura,

longe de ti não me esqueço…

mas, aqui… ardo em ternura.

Ao beber a água pura

a doçura me acarinha…

logo de mim se avizinha

uma onda de emoções…

Éden de recordações…

Fonte da vila, rainha.

 

 

Matos Serra in, Alentejo, suas belezas, suas terras e suas gentes.      

 

domingo, 24 de novembro de 2013

CONTO DA D. FARTURA E DO PADRE TADEU

APRESENTAÇÃO AOS JOGOS FLORAIS DE OUTONO, EM MONFORTE - 23-11-2013
MODALIDADE: TRATAMENTO DO ADÁGIO POPULAR - "Faz bem, sem olhar a quem

EXPLICAÇÃO SOBRE O PROCESSO CRIATIVO DO POEMA
Para escrever o meu poema, dado o aspeto sui-géneres da temática, tentei faze-lo com alguma graça e não menos sentido crítico, em termos de poesia "social e política". Lembrei-me, então, das grandes fomes nos tempos do fascismo e eu, aí a meio dos anos quarenta, do século passado, com seis/sete anos de idade, já me aperceber que andavam de mãos dadas a grande pobreza e a atitude providencialista da vida, embora, talvez... nessa altura, não as definisse tão bem nem com o mesmo sentido crítico. Mas me lembro, muito bem, que os ricos que viviam à grande cá na terra, ainda tentavam comprar um bom lugar no céu à custa da miséria dos pobres.
O padre da minha terra tinha, sempre, em seu poder, uma dilatada lista de pobres para, quando falecia algum ricaço, os familiares mandarem rezar a missa, com casa cheia, ao preço da uva mijona... digamos que havia sempre efetivo suficiente para a missa ter muitos fieis e figurantes  capazes de fazer ouvir as suas preces, por via eclesial, até ao reino de Deus. Havia sempre pobres que chegassem... digamos que a oferta de pobres era sempre superior á procura. Tendo em conta essa realidade e sua analogia com a situação atual... eu, organizei o meu poema recorrendo ao género dramático e ao estilo vicentino e saiu a peça que segue. Pelo facto acabei por ficar muito grato á memória de Mestre Gil.

TÍTULO: CONTO DA D. FARTURA E DO PADRE TADEU

NARRADOR:      Andava a D. Fartura
                              a tentar ganhar o céu...
                              vai daí, foi à procura
                              do senhor Padre Tadeu.
D. FARTURA:     Ouça cá, ó Senhor Cura...
                              eu quero fazer o bem.
PADRE TADEU: Fazer o bem assegura
                              um bom lugar no Além...
D. FARTURA:     Então devo começar
                              já no domingo que vem
                              a distribuir esmola aos pobres...
PADRE TADEU:  E, eu, irei anunciar,
                              sem que me falte ninguém,
                              exceto ricos e nobres
                              que, aqui, não devem contar,
                              venha pronta para rezar
                               e traga a bolsa dos cobres.
                               E não terá que gastar
                               muita da sua riqueza...
                               que, mesmo sem se alargar,
                               os pobres não vão faltar
                               que o que não falta é pobreza...
                               Por isso, com uns tostões
                               por cabeça, o povo inteiro
                               vem creditar orações...
                               Não gasta muito dinheiro...
                               que, eu, ofereço-lhe os sermões.
D. FARTURA:      Eu quero, enquanto cá ande,
                               a vida eterna ganhar
                               com bom lugar no Além...
                               Cá, em baixo, vivo à grande,
                               e quero fazer o bem,
                               para isso... não olho a quem.
PADRE TADEU:  Vamos cá a ver então
                                qual a melhor decisão
                                que garanta a cem por cento
                                uma boa solução...
D. FARTURA:       Ponha o povo em oração
                                que eu garanto o orçamento...
                                e, não quero ser injusta,
                                ganhar o céu à sua custa
                                e com pouco investimento...
                                Tem o meu consentimento!
~PADRE TADEU:  Eu faço seja o que for
                                 p'ra tratar dos seus assuntos...
                                 Entregue-se ao criador,
                                 não vá desta p'ra melhor
                                 sem me arranjar dois presuntos,
                                 que, eu... garanto-lhe à prior,
                                 um lugar acolhedor
                                 junta aos sagrados defuntos.

                                 Matos Serra,in Poesia Social e Política
(Este poema foi apresentado, nos Jogos Florais de outono, em Monforte, sob o pseudónimo - Inácio)   

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"MUITA PALHA... E POUCO GRÂO

O TRATAMENTO DESTE ADÁGIO EM POESIA IRÓNICA E SATÍRICA TEM A INTENÇÃO DE, BRINCANDO COM A LINGUAGEM, CONTRIBUIR PARA UMA CERTA CRÍTICA DOS COMPORTAMENTOS. NÃO É PORQUE EU SEJA UM MORALISTA...QUERO APENAS EVIDENCIAR A MORAL SUBJACENTE AO ADÁGIO EM QUESTÃO E DIVULGAR UM POUCO A RIQUEZA DA SABEDORIA POPULAR QUE LHE VALORIZA O CONTEÚDO.

" MUITA PALHA, E POUCO GRÃO"
É caso para perguntar,
onde é que fomos buscar
tão saboroso pregão...
que, por ser curto, é então,
designado de rifão?
Envolto em sabedoria
e em saborosa ironia
carregada de sugestão.

Vem do simbolismo antigo
que se coloca ao abrigo
de uma linguagem concreta
para atingir a sua meta...
e, faz parte da seleta
popular, mas não pateta...
que o povo trouxe consigo.

Coberto com um discurso
feito de simplicidade,
mas, de grande acuidade...
Fez, então, o seu percurso,
como irónico recurso,
contra toda a falsidade
e sempre a bem da verdade.

Que, no juízo diário,
sobre a humana fraqueza,
às vezes, é necessário
pela sua subtileza,
para criticar, com franqueza...
o discurso do precário
a querer fingir de grandeza...

Quando a promessa é promessa
que não passa de conversa;
Quando a conversa é fiada...
a razão está corrompida,
se fala sem dizer nada...
ou, quando nas eleições...
são bonitos os sermões
mas a promessa é esquecida.
E, enfim... em casos mais
e que são outros que tais...
E, noutras ocasiões
em que se fala demais
e se ultrapassa a medida.

Sempre, em cada situação
em que é clara a falsidade...
se usa, com propriedade
o nosso velho rifão.

Se confunde quantidade
com razão e qualidade
e se instala a confusão...
Ou parvo a fingir esperteza...
Vê-se, logo, com clareza...
"MUITA PALHA, E POUCO GRÃO"

 Matos Serra
In, Tratamento dos Adágios Populares.
 (Este poema é um prémio literário)

domingo, 20 de outubro de 2013

POEMAS DO TEMPO DA GUERRA COLONIAL


FOLHINHA SOLTA 


"AMOR EM TEMPO DE GUERRA

Poema enviado de Luanda em Junho de 1961, depois da segunda missão de combate, ao termos regressado de campanha para uns dias de descontração.



Folhinha solta caindo,
vista através da janela,
aquele rosto tão lindo...
que eu estou vendo é o dela.

É um rosto imaginado,
quantas ternuras lhe devo...
quanto amor, quanto cuidado
que a recordar nem me atrevo...

Que me dói sempre a lembrança
de tanto amor por haver...
Virão tempos de bonança
de não mais amor perder.

Até lá vamos guardar,
cada qual o mais profundo,
para um ao outro dar...
o maior amor do mundo!!!

 Matos Serra, in AMOR EM TEMPO DE GUERRA

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

POEMAS DO TEMPO DE GUERRA

NUM POSTAL ENVIADO DENTRO DE UMA CARTA A PARTIR DE ANGOLA - JULHO DE 1961 - ESCRITO AO CORRER DA PENA COM MUITA TERNURA E DURA SAUDADE.

 AMOR EM TEMPO DE GUERRA

Meu amor. - Recebe um beijo
que te devo desde há tanto...
Ò... há quanto te não vejo...
que de não chorar me espanto
e me espanto de desejo!

ÒH... Esse abraço devido
que te darei de regresso...
e o meu gesto contido
cada vez que me despeço
para me não veres abatido...

ÒH... Quanto vale  o amor
que já temos no haver...
Será feito quando for...
mas... não o vamos perder
porque é bom de enlouquecer!

O amor que não fazemos
e a grande dor sentida
da nossa separação...
Vamos ver se o não perdemos...
e, como contrapartida,
amarmos até mais não.

 Matos Serra, in POEMAS DO TEMPO DE GUERRA

sábado, 12 de outubro de 2013

POEMAS DO TEMPO DE GUERRA - O AMOR EM TEMPO DE GUERRA

POEMA SIMPLES - EXPRESSO NO FINAL DE UM AEROGRAMA ENVIADO A PARTIR DE ANGOLA - AGOSTO DE 1968 NUMA CARTA DE AMOR Não me chega o pensamento para tanto em ti pensar, irei 'screver com mais tempo quando o tempo me chegar. Transborda meu pensamento, como do vulcão a lava, lembranças daquele tempo em que contigo aí estava. Não sei se é mais dura a vida do que grande é este amor... porque enquanto a vida for este amor é sem medida. E sem medida é também esta grande saudade que eu sinto, por ti, meu bem! Ó amor... quanto me invade! Por isso... meu grande amor, eu te envio o maior beijo... Beijo tão grande, tão grande... e muito, muito desejo de que este tempo desande para aquele grande abraço... que... não me peças que o mande, porque não cabe no espaço!!!!!..... Matos Serra, in POEMAS DO TEMPO DE GUERRA

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

HOMENAGEM AOS BOMBEIROS DE PORTUGAL

ACRÓSTICO DE RECONHECIMENTO E GRATIDÃO

B   riosos lutadores contra o inferno
O  nde as chamas devoram a paisagem,
M ilitam com denodo e com coragem,
B  atem-se a debelar um perigo interno
E  ntrando decididos no averno
I   indómito, no pico da estiagem...
R  ecobram as riquezas da voragem
O  nde o horror é cíclico e eterno.
S  ubmersos num terror de fogo e chamas
D  esprezam o conforto em fofas camas
E  nquanto outros dormitam nos seus leitos...
P  rescrevem para si a ousadia...
O  usar é seu condão do dia a dia
R  esolutos, à luta ... sempre, afeitos.
T  endo por lema a luta e a entrega,
U  nidos, sempre alerta no seu posto,
G  arantem o que é justo e não se nega...
A  vançam como herói que na refrega
L  evanta, erguido, o peito... e, dá o rosto.

     Matos Serra

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

HOMENAGEM A TOMÁS ALCAIDE

A Tomás Alcaide, grande cantor lírico, natural de Estremoz, uma das mais belas vozes portuguesas de sempre, que eu costumo apelidar de "UMA VOZ DA PLANÍCIE" em louvor das gentes alentejanas.

TÍTULO DO POEMA: A RIQUEZA EM TUA VOZ

Andaste plagiando os rouxinóis
em ledas madrugadas e em tardes de arrebois...

E, roubaste ao vento uma harpa de encantar
para competires com Zéfiro, ciciante sobre o mar.

Andaste imitando o murmúrio da cachoeira
para espalhares alvoradas de som p'la Terra Inteira...

Andaste reproduzindo o soprar da terna brisa
e copiando o meigo Bóreas que desliza...

Retiraste à natureza os dons da melodia
para dares o tom e a cor à poesia...

E, colocaste tudo isso em tua voz
para conseguires desvanecer a todos nós.

E ganhou tanto... a cultura em Portugal,
com teu talento e tua arte genial...

À tua arte se rendeu todo o mundo, e, na cidade,
tudo o que foi teu hoje é profundo e traz saudade...

E´ foste Alcaide em nome e Alcaide em arte,
para levares nosso lirismo a toda a parte.

  Matos Serra in, Alentejo, Suas Terras e Suas Gentes.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

NÃO DEIXEMOS PERDER A LIBERDADE

NÃO QUEIRAMOS SER POVO ESCRAVO E ESTULTO

SONETO DA INDIGNAÇÃO II

Num mar que invada as ruas da cidade
de gente, e que provoque um tal tumulto
que devaste a afronta e o insulto
e nos traga de volta a dignidade!

Não haverá desculpa nem indulto...
se deixarmos perder a liberdade
para voltarmos a ser a sociedade
de um povo... que nos querem, escravo e estulto.


Que, em nome da Pátria e da razão,
se alevantem as vozes num tal grito!...
a despertar a alma da nação...


porque a hora é de luta e é de ação!....
O que pode ser crime ou ser delito
é calarmos a nossa indignação!


  SÓ NÃO SE INDIGNA PERANTE A PÁTRIA
  MALTRATADA... QUEM EM VEZ DE SANGUE
  PORTUGUÊS TIVER NAS VEIAS ÁGUA CHOCA.

    Matos Serra

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O PÁRA ( QUE NUNCA POR VENCIDO SE CONHEÇA)


            SONETO

Desafiando, audaz, as leis da morte...
o pára... é valente e nunca pára,
pertence, em seu país, à gente rara
que lhe serve de escora e de suporte.

Cultiva o ideal de ser forte...
e, por isso, se treina e se prepara...
servindo a Pátria Amada que lhe é cara
treinando-se na arte de Mavorte!

O pára, ao descer do céu à terra,
mantem-se sempre calmo e consciente...
tanto em tempo de paz como na guerra!

Em qualquer imprevisto que apareça
faz sempre jus ao lema transcendente:
"QUE NUNCA POR VENCIDO SE CONHEÇA"


Matos Serra, Tenente-Coronel, antigo instrutor para-quedista
e veterano de guerra.
Soneto dedicado a todos os seus camaradas de armas.

sábado, 6 de julho de 2013

MARVÃO II

CONCURSO DE POESIA TRADICIONAL, DÉCIMAS - 08/09/2001, Último Ano dos Jogos.
TEMA: MARVÃO
TÍTULO: ALEGORIA DO MARINHEIRO
MOTE DE JOSÉ FANHA
CLASSIFICAÇÃO: 1-º PRÉMIO (Entre algumas centenas de trabalhos)

    MOTE
Marinheiro coração,
toda a vida a navegar...
Se um dia vens a Marvão
nunca mais voltas ao mar.
1
Se quiseres vir instalar-te
na poesia e no sonho,
navegar num mar risonho,
habitar um baluarte...
ou... decidires tomar parte
num perfeito galeão
para teres a gratidão
de um oceano de amor...
vem banhar-te em luz e cor
marinheiro coração.
2
Vem abrir a alma ao vento
e viver junto às estrelas,
onde, à noite, podes vê-las
navegar no Firmamento
para lograres o doce intento
desta Barca do Luar...
ou, se queres vir habitar
mesmo pertinho do céu...
vem... que, aqui, o mundo é teu
toda a vida a navegar.
3
Aqui é porto de abrigo
e repouso do guerreiro,
descanso do marinheiro,
trincheira de qualquer perigo...
o céu e a terra contigo
em perfeita comunhão.
Vem viver num bastião
neste imenso Mar do Sul...
Ficarás ébrio de azul
se um dia vens a Marvão
4
Vem ver as águias vogando
no Mar da Tranquilidade,
em perfeita majestade
no seu voo suave e brando.
Se quiseres viver sonhando
sobe a este patamar...
mas... bem te quero alertar
que... se cá vieres um dia,
te envolves nesta magia...
nunca mais voltas ao mar.

Matos Serra in, Alentejo, Suas Belezas, Suas Terras e Suas Gentes.

terça-feira, 2 de julho de 2013

PERMANÊNCIA

Ambos antecipados
pelo tempo
alastramos na planície
a expectativa ácida
dos limos e da espera

naufrágios ilunares
de veias permanentes

Multiplica sangue
nas mãos
e nos rochedos

sentinelas de vento
no cume dos meus
dedos

RECORDANDO

Maria Teresa Horta in, Poesia Completa 1  - 1960-1966

domingo, 23 de junho de 2013

HEXÂMETROS

HEXÂMETROS PARA UMA MULHER BELA

Tão amorosa e linda,
terna, suave e bela...
eu, cá, não vi, ainda,
beleza igual à dela.

Feliz de quem a ama
e por ela é amado...
e se aquece na chama
do seu fogo sagrado.

Eu sei que vou morrer
de ternura e ciúme...
sem nunca conhecer
o fogo do seu lume.

Que nesse fogo vivo
eu queria ser queimado...
em seu amor cativo
e não mais libertado.

Matos Serra in, Amor e Sensualidade.

terça-feira, 11 de junho de 2013

O BANQUEIRO, A ISABEL E O PR.

ERA UMA VEZ UM BANQUEIRO
"Isabel Ulrich tem um emprego fixe"! Mulher do banqueiro é  consultora da cavacal figura... por despacho do Aníbal"

Era uma vez um banqueiro
a dona Isabel ligado...
vive do nosso dinheiro
mas nunca está saciado.

Vai daí, foi a Belém
e pediu ao presidente...
que, à sua Isabel, também...
desse um job consistente.

E o bom do senhor Cavaco
admitiu a senhora...
arranjando-lhe um buraco
e o cargo de consultora.

O banqueiro é o Fernando,
conhecido por Ulrich...
e que diz, de vez em quando,
"quero que o povo se lixe".

E o povo aguenta a fome?
"Ai aguenta, aguenta..."
e o que o povo não come
enriquece-lhe a ementa.

E ela... a dona Isabel,
com Cavaco por amigo...
não sabe da vida o fel
nem o que é ser sem abrigo.

Cunhas, tachos, amanhanços...
regabofe à descarada...
É fartar, que nós, os tansos...
somos malta bem mandada.

Mas cuidado... andam no ar
murmúrios de madrugada...
e quando o povo acordar
um banqueiro não é nada...

É só um monte de sebo,
bolorento gabirú...
fora do banco é um gebo...
um rei que passeia nu.

Cavaco, Fernando Ulrich,
bancos, troikas, capital...
"Mas que aliança tão fixe"
a destruir PORTUGAL !...

   HC

domingo, 9 de junho de 2013

POEMA PARA MARIA TERESA HORTA - TIPO COMENTÁRIO BLOGONÁUTICO

AS TRÊS GRAÇAS DA LITERATURA PORTUGUESA

ÓH!... Quando a Maria Teresa,
com a chama sempre acesa...
se juntava às outras duas
Marias... três na firmeza
do verbo... cheio de beleza.
"ARDIAM PRAÇAS E RUAS"

ÓH... Portugal! Quando ardias,
na chama das três MARIAS,
dando luz ao meu país...
Eram três as ousadias
em prosas ou poesias
que me tornavam feliz !

Esqueciamos desgraças...
Porque o verbo das "TRÊS GRAÇAS"
andava de rua em praça...
Com as graças e pirraças,
aos carrancudos reaças
esquecia-se a desgraça.

Do Matos Serra... com um agradecimento
afetuoso, sincero e de muita admiração à TERESA.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

CÍTARA DOS SILÊNCIOS

Imaginei-te junto ao mar...
apropriei-me da tua imagem
que levei para o silêncio dos meus sonhos...
Também levei tuas palavras poéticas
para ouvir nos meus silêncios.

Fiz do meu coração um relicário
para guardar a beleza dos teus gestos
e conservar o encanto dos teus sorrisos...

Brincando como crianças... nós,
viajamos de estrela em estrela
e de silêncio em silêncio
sem vestes na alma
nem preconceitos no corpo.
Brincamos como crianças
e eu beijei teu corpo
até ele se tornar incandescente...

Depois... fomos ouvir a música
no marulhar das ondas
e dançamos desnudos
sobre as areias da praia.

Na frescura das águas
falamos com as anémonas
e as algas que bailavam no fundo
e nos traziam o movimento
através do espelho das águas...

Por fim acordei
e tu não estavas lá...
Mas... recolhi este sonho
e esta cinematografia
ficou guardada em meu coração !...

 Matos Serra

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O MEU RETRATO POÉTICO DE SILVINA

SILVINA, UMA MULHER POR QUEM EU TENHO
MUITA ADMIRAÇÃO, RESPEITO E AMIZADE
   
         ANJO/GENERAL

Esta mulher é anjo e general
que decide, protege e determina,
e, sem perder postura maternal,
orienta, programa e disciplina.

Sendo tão apolínia e racional,
não convive com vícios de rotina...
uma Joana D'Arc que, afinal,
nunca perde a ternura feminina.

Que aparece presente em todo o lado...
organiza, comanda e raciocina,
mas de sorriso aberto e ar folgado...
é, alegre, a sorrir... que nos ensina!

Exemplar couraçada têmpera de aço...
com fracos ou molezas desatina,
deixo este meu poema e um abraço
á excecional pessoa que é SILVINA !...

     Matos Serra, seu fã e amigo.

terça-feira, 2 de abril de 2013

QUANDO O POVO PERGUNTAR

Quando o povo perguntar:
Porque razão,
com tanta competência na gestão...
(Ao serviço do "enterro" da Nação...)
paga a peso de ouro
múltiplas vezes...
este país entrou na exaustão,
para encher o bolso dos burgueses ?

E ha-de perguntar, ainda mais,
porque, com tantos piratas e ladrões,
continua a pagar os tribunais
que não metem os gatunos nas prisões ?...

Quando em cada serviço
ou cada empresa
cujo esforço e empemho é crucial
para manter o emprego e a riqueza
neste tão empobrecido Portugal...
não pulularem dezenas de doutores
cujo zelo, empenho e competência,
é conhecerem bem as offshores
que puseram o país na indigência
enquanto engordam bem alguns senhores...

E, quando este povo adormecido,
esbulhado do direito conquistado
com a ajuda de um grupo esclarecido
que em Abril lhe mudou o triste fado,
voltar a estar de pé e acordado...

Quando isso acontecer,
se for a tempo...
este povo vai querer
ser escutado...
e irá perguntar se a liberdade
é só p'rós novos condes e marqueses
que acumulam alcavalas de milhões
e, depois, vão falando em igualdade
para apertarem o cinto aos portugueses...

  Matos Serra

INVOCANDO JOSÉ RÉGIO, DILETO FILHO ADOTIVO DE PORTALEGRE.

SE ELE CÁ VOLTASSE AGORA ?.....

  INVOCAÇÃO

Ao professor, ao poeta, à rebeldia...
à lucidez do verbo, ao pensamento,
à clarividência da palavra, à poesia...
à arte de escrever, ao seu talento.

Aqui, onde TU deste chegada
e te integraste na alma da cidade,
corpo pequeno, mas alma avantajada...
que ultrapassa o tempo e a idade!

Tu, que aqui, por entre velhos muros,
expressaste em versos o teu pranto
por esses dias opacos e escuros,
o teu acendrado desencanto...
se voltasses, agora, ao teu país...
constatavas o seu estado e, entretanto,
regressavas, ao céu... muito infeliz.

Aqui, onde deixaste a ansiedade,
em versos que ficaram por fazer,
segundo tu nos dizes noutros versos...
se, agora, aqui viesses à cidade
que tua obra sentiu e viu nascer...
e, em versos, para muitos... controversos,
brotar da tua grande humanidade...
Óh, quanto nos irias tu dizer
e ensinar, e discutir, e esclarecer...
com tua grande e douta autoridade,
em controversos versos... tão diversos...
e das diversas vias por erguer
depois que ABRIL nos trouxe a liberdade !...

Quanto, quanto nos irias tu zurzir
com teu verbo sublime, régio e puro...
por termos deixado fechar em vez de abrir...
as janelas viradas ao futuro !...

Não voltavas a chegar aqui tão perto
depois de veres o nosso desconcerto !....

Reescreverias a tua reportagem
das nossas assimetrias sociais,
depois... preparavas a bagagem,
frustrado pelo inútil da viagem...
Regressavas, ao céu... p'ra nunca mais !...

   Matos Serra

sábado, 30 de março de 2013

À LAIA DE AUTOBIOGRAFIA

OS MEUS VALORES E OS MEUS PRINCÍPIOS (SÍNTESE)

O meu primeiro princípio é a verdade,
a assertividade o meu caminho,
minha maior bandeira a liberdade...
Fulcro de minha balança... a igualdade,
fraternidade... o doce do meu vinho...
Minha maior riqueza é a saúde...
Para mim é a justiça alto valor
e assumo a coragem por virtude
sendo o têmpero da vida um grande amor...
E... acrescento ainda ao meu perfil...
ser português, ser militar e ser de ABRIL !...

    Matos Serra

quinta-feira, 28 de março de 2013

  A NOSSA HISTÓRIA

Ela estava vestida de ternura,
seus modos retraídos, circunspetos...
senti nascer em mim doce ventura,
dispararem meus sonhos e afetos.

Cinco anos! Era, apenas, nessa altura,
para definir os dados mais concretos...
perspetiva de doce formosura...
Hoje... Ela é  avó dos meus dois netos.

Fora, com seu irmão, a casa dela,
e, assim... começou esta aventura...
que nos tornou a vida numa tela
de cor e movimento qu'inda dura.

Eu, sete anos! Meu tempo da escola,
dispensado de afagos e carinhos...
armado de uma ardósia e da sacola,
já a traçar meus rumos e caminhos.

Iniciara a escola, era um petiz...
como se diz na gíria rotineira...
mas... á minha maneira, era feliz
e queria ser feliz p'rá vida inteira.

Dos meandros da vida um aprendiz...
convida-me o amigo de carteira
que elabora seus planos e me diz:
Queres ir 'studar comigo a tarde inteira?

Claro! Disse eu... E fomos estudar...
também brincar um pouco, obviamente...
A vida tinha muito p'ra nos dar...
O mundo estava todo á nossa frente.

E... Fomos estudar para sua casa
com o programa feito e nada mais,
cada qual era livre... com a asa
tão solta como a asa dos pardais.

Ficamos a estudar a tarde inteira,
aclarando as lições p'ró outro dia,
empenhados e, assim... dessa maneira...
cada um aumentava o que sabia.

Sua irmã afastada e distraída...
de modos retraídos, circunspetos...
aproximou-se um pouco e... de seguida,
fez disparar meus sonhos e afetos.

E... foi então, assim... que nessa altura
senti a minha alma enternecida;
e disparou, assim, minha ternura
para durar, em mim, p'ra toda a vida.

 Matos Serra, in sonhos e afetos.
   É PRECISO V
AO POVO - SONETO DE INDIGNAÇÃO

Precisas povo! Ergueres-te e vires p'rá rua
unires a tua força e dizeres - BASTA !....
impôres-te à vilania que te arrasta
à pobreza que te tolhe e se acentua!...

Enquanto a camarilha se insinua
na sua ostentação vil e nefasta
porque te usa, porque abusa, porque gasta...
e te rouba a riqueza... Porque é, TUA.

É hora de dizer a esta gente
que acedeu ao poder com falsidades
e se pôs ao serviço da canalha...

Que a luta vai ser dura e inclemente...
p'las aldeias, p'las vilas e cidades
e que... vai ser batalha após batalha!...

    Matos Serra, um muito indignado
    Capitão de ABRIL

domingo, 17 de março de 2013

MIGUÉL URBANO RODRIGUES - O AUTOR E A SUA OBRA

     TEXTO RELATIVO À APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE MIGUEL URBANO RODRIGUES
     "TEMPO DE BARBÁRIE E LUTA" PORTALEGRE 28 - 09 - 2011, CUJA LEITURA, A  
     VÁRIOS TÍTULOS, OUSO ACONSELHAR.

                         SOBRE O AUTOR E A SUA OBRA

Conheci, pessoalmente, Miguel Urbano Rodrigues, há um pouco mais de trinta anos, antes dessa data ele era já, para mim, uma lenda viva e a minha admiração pela sua obra, e pela sua dimensão de humanista e intelectual empenhado na luta por um mundo mais justo e fraterno faziam com que eu o referenciasse como um exemplo, a ter em conta, no encaminhamento da vida.
Quiseram os acasos da vida que nos viéssemos a conhecer, pessoalmente, e, até, a ter relações de trabalho, muito estreitas, no sentido de próximas, na área da comunicação e da informação, num processo que ele lidarava com a sua sábia batuta e em que eu muito me orgulho de ter participado e me ter empenhado para cumprir o melhor possível a minha missão com abnegação e disciplina, mediante o seu exemplo e orientação.
Há sessenta anos a escrever, a sua atenção sobre a história e as transformações do mundo originaram, progressivamente, muita reflexão e conhecimento. Essa reflexão e conhecimento originaram a sua mundividência, assente, sempre, num eticismo que evoluíu, com coerência, com base numa preocupação com o destino dos seres humanos e com a sua aspiração a um mundo melhor, mais coerente, mais justo, mais equilibrado, onde todos pudessem usufruir, mais equitativamente, dos bens materiais, técnicos, científicos, estéticos e culturais que a história foi capaz de colocar ao dispor da Humanidade - um mundo onde não fosse aceitável a extorsão destes bens, quer eles sejam o petróleo, o gás natural, os metais raros, os bens alimentares ou as conquistas gerais nas áreas da técnica, da ciência, da arte ou da cultura, a favor de alguns poucos com prejuízo para a Humanidade inteira.
A participação de MUR tem sido feita não só através da escrita, tão rica e fecunda, e do mundo da comunicação, como, também, através de uma incansável militância política e preocupação social, efetivada através de foros sociais realizados pelo mundo inteiro e através de encontros, seminários e colóquios nacionais e internacionais, onde a sua intervenção é, por demais, reconhecida.
É notável a sua abordagem dos problemas da crise mundial do nosso tempo, crise que é, essencialmente, de princípios e de valores que, por isso, a fazem reverter em crise económica, política e financeira, e, também, em crise ética e civilizacional.
A sua reflxão sobre a História, quer se trate de situações da América Latina ou das guerras de agressão no Médio Oriente, nos Balcãs, Afeganistão, Iraque, Líbano, Vietname ou África, enfim...no mundo em geral, onde um punhado de estorsores condicionam e escravizam a vida de milhões de seres humanos.
O que a sua escrita nos diz, tentando contrapor-se à clonagem geral das consciências... é, que é inaceitável esta visão imperialista do mundo e que não devemos esperar que este espírito imperial seja devorado pela  própria gula dos seus atores, o que traria o descalabro do mundo, mas que os seres humanos honestos e solidários devem congregar-se, numa luta concertada, contra a barbárie que está destruindo a própria vida sobre o planeta.
Uma das grandes preocupações do autor, expressa neste, como noutros livros, que tem publicado em muitos anos de atividade literária, é o alerta sobre a falsificação da História como arma política da classe dominante, e essa, tem sido uma das suas principais batalhas nos últimos anos.
O esclarecimento sobre o sistema mediático, que usa o próprio processo informativo, os média, para descarregar um gigantesco arsenal de mensagens para controlo hegemónico da própria informação, promovendo a alienação e transformando gigantescas mentiras nas mais calorosas verdades. (Chamo, aqui à colação, como exemplo, a campanha que antecedeu a monstruosa guerra do Iraque, iniciada em 20 de março de 2003, depois da cimeira da vergonha, na Ilha Açoriana das Lages.)
O autor mostra-nos, através dos seus escritos, de que este livro é um repositório, que é necessário, os homens e mulheres conscientes, assumirem como tarefa inadiável, a desmontagem e desmistificação da mentira e da desinformação e a compreensão e esforço solidários contra estes mecanismos de opressão da atual fase do capitalismo neoliberal.
Neste livro... o autor não se limita ao aclaramento, compreensão e constatação sobre esta estratégia de domínio imperialista do mundo, mas... põe a necessária e pertinente pergunta: QUE FAZER ?
O seu esforço vai no sentido de que a pergunta se generalize. Poderão muitas pessoas pensar e dizer: mas, afinal... de que serve fazer a pergunta? se o que é necessário é a resposta? Mas, eu sei que muitas outras cabeças pensantes têm outra visão do problema... por saberem, tanto de pensamento discursivo como de intuição pura, que... quando se põe uma pergunta é porque já se sabe, pelo menos, uma boa parte da resposta, e este é, quanto a mim, o aspeto mais positivo da colocação de uma tal e crucial pergunta, para além de que, nos tempos que decorrem, o alheamento e a indiferença coloca a cada um o peso de uma grande responsabilidade perante o facto de se ter consentido passar às futuras gerações um ambiente definitivamente inabitável, porque aquilo  que as guerras de agressão e de rapina nos perspetivam é a própria destruição ambiental e o aniquilamento do planeta, logo, é preciso que cada um se interrogue como sinal de que ultrapassou o absurdo alheamento, e se integra num espírito de cidadania que concorra para uma resposta aos problemas cruciais do nosso tempo:
TEMPO DE BARBÁRIE E LUTA
Os problemas colocados resultam da sua intervenção ativa entre 2002 e 2010, em comunicações apresentadas em foros, conferências, encontros, seminários e colóquios, nacionais e internacionais um pouco por todo o mundo.
Destaco, pela sua importância: A sua intervenção em 25 de janeiro de 2003, no Foro Social Mundial, em Porto Alegre, Brasil, proferida na iminência de uma nova e monstruosa guerra, a Guerra do Iraque, pag. 23, em que define a natureza e estratégia do imperialismo neoliberal e lança um desafio aos movimentos sociais e aos partidos revolucionários no sentido da sua mobilização contra a escalada iminente da barbárie.
NOTA: Apesar do mundo se ter mobilizado ( na véspera fui convidado, enquanto capitão de ABRIL e fiz uma intervenção na Praça da República na minha cida de Portalegre) contra a perspetiva da guerra, os falcões vieram a decidi-la na cimeira da vergonha.

Passei a palavra ao autor e meu querido amigo, Miguel Urbano Rodrigues, que como um dos mais genuínos comunicadores deste país, esteve muito mais apto do que eu para falar desta obra tão necessária e pertinente para a compreensão dum estado de coisas que n~~ao podem ficar na floresta do alheamento.

Foi feito em Portalegre, aos 28 de setembro de 2011

Francisco Manuel Matos Serra

CONSELHOS ÀS MINHAS AMIGAS E AOS MEUS AMIGOS

QUADRAS AO BOM HUMOR (CONSELHOS DE UM EPICURISTA) Se queres ter um paraíso, relativo, ao teu dispôr, não retenhas um sorriso, nunca negues uma flor. Atenta num canto de ave, sua plumagem e cor... porque podem ser entrave a qualquer espécie de dor. P'rá vida ter mais valor, mais interesse e qualidade... nunca esqueças o amor, o carinho e a amizade. Não te deixes envolver pelo casulo da tristeza, a alegria pode ser a nossa maior riqueza. Musicar cada momento... da vida simples e calma, traz alegria e alento e enriquece a nossa alma. Eu, quando tenho um problema que parece não ter fim... ponho a estrofe de um poema a cantar dentro de mim. Cantar é remédio santo, vence tristeza ou doença... eu, triste, ou doente... canto... e não há mal que me vença. Sou discípulo de Epicuro, busco paz e alegria, o meu cardápio seguro para adoçar o dia-a-dia ! Matos Serra

PEDRO PINGAMOR

PEDRO PINGAMOR - UMA HISTÓRIA DA HISTÒRIA Nas linhas amorosas de um quadrado meteu Pedro Primeiro, rei português, filho de Afonso, o Bravo do Salado, à Constança, à Teresa e à Inês... Que, no seu coração apaixonado, couberam, certamente, todas três... e foi sem grande esforço... foi deitado... que ele a todas fez filhos, e... mercês. Não teria ficado por ali... o Pedro vigoroso beija-flores, e, segundo os relatos que eu já li, a todas ele amou intensamente. Pedro foi o maior dos pingamores... maior que o Casanova, certamente. Matos Serra, in Poemas de Amor, sensualidade e erotismo.

terça-feira, 12 de março de 2013

É PRECISO IV É precisa consciência nacional, Contestar o poder que nos despreza, Exigir outro rumo orçamental E muita mais ação e menos reza. É preciso arredar este orçamento, Restaurar e promover a produção, É precisa outra ação e pensamento… Assegurar amor, trabalho e pão. É precisa a solidariedade, Mutualizarmos a força e a ação, Lutarmos pela nossa dignidade E salvarmos a honra da nação. Precisamos livrar-nos desta gente Que despreza os direitos deste povo… Darmos sentido à força de uma frente Com outra direção e rumo novo. É preciso dar força à nossa ação P’rá luta decisiva que se ajuste… E que se façam apelos à razão Que despreze a mentira e o embuste. Precisamos juntar novos atores Para fazermos a história do momento, Alhearmos dos discursos dos traidores Que nos roubam a esperança e o alento. Precisamos inventar um novo Abril, Não aceitarmos discursos traiçoeiros Antes que metam o povo num redil Como simples rebanho de carneiros. É preciso organizar-se a nossa ira, O sonho, a razão e a vontade… É preciso contestar quem nos retira Todo o nosso quinhão de dignidade. É preciso que tu, povo, te levantes Como na história se fez algumas vezes… Contra sandeiros, corruptos e mandantes Que estão aniquilando os portugueses. Matos Serra, in poesia de luta social

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

TEMA: TRATAMENTO DO ADÀGIO
              "POR BEM FAZER, MAL HAVER"
TÍTULO: FAZER BEM TEM O SEU CUSTO
                (NÃO HÁ RAZÃO PARA LAMENTO)

"QUEM FAZ BEM NÃO OLHA A QUEM"
nem pensa em contrapartida,
só assim pode ser BEM.
E, se o bem fizer... alguém...
para que o BEM em seguida
se salde em belo provento,
não é bondoso... é astuto.
E, esse bem só a contento
não é o "BEM" absoluto...
nem, tão pouco, é BEM GERAL...
é menos bem do que é mal
que moral não é produto...
mercantilismo moral
é regra para mau estatuto.

QUEM FAZ BEM NÃO OLHA A QUEM
e deixa rolar a vida
mais em função do "BEM QUERER"
do que em ter contrapartida.
Se é certo que é muito justo
BEM HAVER POR BEM FAZER...
Fazer BEM tem o seu custo
e, eu... cá por mim... não me assusto
"POR BEM FAZER, MAL HAVER" !....

Matos Serra, in Tratamento dos Adágios

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

TEMA: TRATAMENTO DO ADÁGIO " QUEM TEM MEDO, COMPRA UM CÃO"
TÍTULO: O MEDO É UM GUARDIÃO

O medo é instinto inato...
Provê à sobrevivência
a bem da conservação...
Põe a vida a bom recato,
reguarda a nossa existência...
é, por isso, um guardião.

Causa, é certo... algum abalo...
não é defeito ter medo...
é humano e natural...
É virtude dominá-lo.
Não é mistério, nem segredo,
que a via fundamental
é a via natural.

Para prover uma solução
depende qual medo for...
e, em termos de solução,
é encontrar-se a melhor.
Se for medo da tristeza
pode comprar, com certeza,
uma gaita ou um tambor
ou um bom vinho de mesa...
Se ele for em demasia
deixa logo a chama acesa
nos patamares da alegria
e diz, com toda a firmeza,
e, talvez, com euforia...
adeus à melancolia.

Com medo da solidão
há, até, quem compre um gato...
se for alegre e pacato
é uma boa solução...
é um bom companheirão
e faz guerra a qualquer rato.

Se já passou o estio...
com medo que venha o frio...
por mim, programo e contrato
ir comprar cedo um bom fato.
Com medo que alguém denote
que eu seja pouco moderno...
jamais compro no inverno
uma samarra ou capote...
invisto, pago e arrisco,
com medo da frialdade
num modernaço de um quispo
com alguma qualidade.

Quem tem medo fica em casa
é o que muitos dirão...
Porque fazem tábua rasa
de uma melhor solução.
Por mim... digo, porque não?
arrancar como uma brasa
a comprar um espingardão?

O medo de uma invasão
é uma coisa mais séria...
Qualquer país ou nação
não compra só um canhão
que isso é comprar à miséria...
e nem só um avião...
compra logo a Força Aérea...

Há, até, quem medo tenha
de um moinho ou de uma azenha...
quem se torne um valentão
e lute como um leão
sem nada haver que o detenha...
quem use o seu armamento
contra moinhos de vento...
e, sem ser um Dom Quixote
vá comprar lança ou archote.
Ou, então... parta na mecha
a comprar o facho e a flecha.
Se vá esconder num pote
ou ponha o cavalo a trote...

Quem tem medo do calor,
mesmo sem ser algarvio...
pode ir passar o estio
para as Praias do Alvor.

Quem rejeita o hedonismo
por ter medo do prazer...
tudo o que tem a fazer
é comprar um catecismo.
Se, antes, prefere o suplício
por pensar que o sacrifício
nunca atinge o patamar
que permite o Céu ganhar...
ou se é fã do Santo Ofício...
tem que comprar um cilício
para se autoflagelar.

Contra fobias ou medos,
fraquezas ou frustrações...
nem limites, nem segredos...
para fazer aquisições...
uma pessoa em seu juízo
prevê, sempre, condições
para comprar o que é preciso.

Com medo que a economia
possa vir a fracassar...
seja de noite ou de dia
o que é preciso é comprar.
Como o medo guarda a vinha,
o comércio e a vidinha...
para o comércio estar em alta
o medo faz muita falta.

Quem tem medo que a geada,
quando é negra e atrasada,
lhe destrua a produção...
vai tratar de um subsídio...
fica a conta equilibrada
e, numa tal situação,
não lhe adianta mesmo nada
se for comprar um canídio.

Há sempre uma solução...
se meditarmos no tema,
não vemos qualquer dilema.
Mas... se surgir um problema...
"QUEM TEM MEDO, COMPRA UM CÃO"

Matos Serra, in Crítica aos Adágios Populares.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

  FADO MISTÉRIO

Nigromantes e profetas
dominam letras e temas
de fadistas e poetas
guitarradas e poemas.

As cordas vibram suaves
geme dolente a guitarra,
emoções, canções e naves,
pio agoirento das aves
no cais noturno da barra.

O cais é um ministério
na toada que desgarra,
há não sei quê de mistério,
um sabor a Quinto-Império
mais as trovas do Bandarra.

O trinar de uma viola,
o gemer de um bandolim...
toda a aura que se evola
das Guerras do Alegrim.

Nigromantes e profetas
dominam letras e temas
de fadistas e poetas,
guitarradas e poemas.

   Matos Serra

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

 DE, A MINHA HISTÓRIA DAS LETRAS
"A HISTÓRIA AVENTUROSA DO ( C )"

O "C" é como uma vara que se dobra
e pá para toda a obra...

Até... dizem que o "C" é dois em um...
por isso, embora pertença aos elementos da reserva
está sempre de serviço.

Umas vezes substitui o "K",
outras, substitui o "S"
e, segundo nos parece,
às vezes, afinal,
esmera-se e brilha,
vestindo como fato profissional
a cedilha.

Coitado!
Como é pá para toda a obra...
o trabalho sempre lhe sobra.
às vezes até tem que substituir
a fricativa "X"...
e, para isso, pede ajuda ao "H".

O "C" é excecionalmente trabalhador...
Para cumprir
as suas múltiplas tarefas
como abnegado fonema
assume com denodo
as suas múltiplas virtualidades...

No seu papel de "S"
faz jus a uma articulação dental,
fricativa e sibilante...
como uma pequena brisa
quando passa sobre o monte.

Quando trabalha para o senhor "K"
torna-se velar e oclusivo...
como que a ocultar-se
da sua condição de serviçal.

Em parceria
com o seu camarada "H"
e, de novo, fricativo,
mas... palatal...
assume a sua condição femenina
mas sem ser mariconso...

Para não levantar ondas...
faz-se surdo,
em todas as situações,
nem que o mandem
como porteiro, para as latrinas,
a ajudar o seu companheiro "W".

No entanto, o "C"...
é de ascendência aristocrática...
Neto do velho alfabeto grego
e filho da letra gama, a qual,
também ali...
ocupava o terceiro posto
na escala hierárquica.

É aparentado com o nosso
gutural "G"...
com quem, em tempos recuados,
trabalhou em parceria;
embora mais velho...
trabalhou em submissão àquele...
fazendo-se, também nesta situação,
um pouco surdo, coitado...

Contudo, no tempo imperial dos romanos
foi elevado à categoria de centurião,
e, ainda hoje, em termos numéricos
e tratando-se de datas,
em determinadas
cerimónias oficiais...
na hierarquia dos símbolos
o mandam representar a centúria...

Aí... vale por cem,
razão pela qual alguns dizem
que tem a mania das grandezas...
por mim direi: sim representa-as...
e sou mesmo da opinião
que é uma forma de assumir
uma contrapartida
por ter vindo da sua ascendência
aristocrática para servir nos lavabos "WC".

O seu apelido de família
perde-se na noite dos tempos.

Fez a sua evolução
passando pelo alfabeto grego
como já dissemos em epígrafe.

Se recuarmos
para a noite escura dos tempos...
podemos ir até ao seu bisavô "gimel"
- o semítico...
já conhecido três séculos
antes de cristo.

Para lá dessa data...
perdemos-lhe o rasto
na noite escura dos tempos,
mas... fica-nos a curiosidade
sobre toda a História
dos seus antepassados...

CONTARELO SOBRE O "C"

Descendente do semítico "GIMEL"
passou p'la Grécia
mantendo-se fiel
à sua tradição de bem servir...
em Roma foi promovido a centurião...
e hoje, no nome de Cristão
continua a trabalhar
e a resistir!.....

  Matos Serra

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

MÃOS INIBIDAS OU MÃOS LIBERTAS

No pema que se segue o mote parte de uma perspetiva providencialista da vida, mas o poema que é uma análise do mote, contesta essa perspetiva em prol de uma visão ativa da vida.O mote, dado por um grande poeta alentejano, é um repto que aceitei.

         MOTE
Se uma mão embala o berço
do seu filho pequenino,
a outra desfia o terço
rezando p'lo seu destino.

POEMA SUBORDINADO AO MOTE

E, não seria melhor
que a outra mão libertada,
mais ativa e conjugada
assumisse outro vigor?
Em vez de ser mão prostrada,
'stivesse mais ao dispôr?
Mão terna e mobilizada
que desse à vida alto preço...
que não fosse mão passiva?
Não deve outra estar cativa
Se uma mão embala o berço.

Se a primeira é mão ternura
deve a outra ser liberta...
estar pronta, estar alerta,
não assumir a postura
de uma mão pouco disperta.
Deve ser a mão segura,
firme e meiga mão aberta.
Mão que 'screve a traço fino...
mão que afaga, indaga e ama...
com amor traça o programa
Do seu filho pequenino.

Se essa mão que ama e afaga,
que é mão terna, mão subtil...
se tornar a mão senil
onde toda ação se acaba...
ou mão presa num ardil
de qualquer ideia vaga...
deixa de ser mão viril...
é menos mão que tropeço
e perde desenvoltura
quando vaga e insegura
A outra desfia o terço.

A mão, que é fonte de ação,
alavanca ou instrumento,
tanto serve o pensamento
como serve o coração;
se ficar no desalento,
em beata prostração
ou em prostrado lamento
fazendo apelo ao Divino...
Não é mão, é frustração
à espera de solução
Rezando p'lo seu destino.

  Matos Serra

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

 HINO À PAZ E À CORAGEM


Não!... à coragem dos cavaleiros do Apocalipse!
Porque esses têm banhado de sangue
a terra inteira!...

Não queremos mais espadas,
ou canhões...
nas mãos dos loucos...
nem, tão pouco, como brinquedos
nas mãos das crianças!...

Sim! À coragem de um sorriso franco.
Não à fraqueza daqueles
que disfarçam a sua cobardia
oferecendo-se como guardas pretorianos
aos senhores do mundo!...

Sim àqueles que continuam
a dispor-se a pagar,
com o seu sangue,
o seu suor
e as suas lágrimas...
o futuro de um mundo
com mais amor,
mais razão
e mais justiça.

Não aos predadores
que atraiçoam a verdade,
criam monstros
e ameaçam a paz!...

  Matos Serra

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

É PRECISO IV

      É PRECISO IV

É preciso avisar toda a gente
como dizia a voz do poeta...
É preciso não ficar indiferente,
ter à frente um caminho, uma meta.

É preciso não dormirmos na forma,
ser-se soldado, sentinela atuante...
É preciso iluminismo e uma norma
cada um ser discípulo de um Kant.

Procurar-se na razão o alento
p'ra saber pôr as cartas na mesa...
que um soldado informado e atento
é que vence com tento e firmeza.

É preciso à razão darmos voz,
unir vozes à voz da razão,
conhecermos os nãos e os prós,
'struturarmos desta luta a ação.

É preciso ter-se a têmpera do aço,
não cedermos à vulgar frustração...
que é preciso travarmos o passo
e contermos os coveiros da Nação.

É preciso juntar muitos mil
pela paz, o trabalho e o pão,
que é preciso refazermos Abril
e erguermos, de novo, a Nação.

É preciso a produção e a riqueza
serem o lema, o grito, o pregão...
p'rá justiça ser princípio e certeza
cada qual tenha dela a noção !.......

IMPROVISO
Matos Serra, in Grito Pela Unidade e Ação.

 

sábado, 5 de janeiro de 2013

UM CASTELO NA PLANURA
A extensão da planície transtagana,
como chamou Camões ao Alentejo...
é mãe da mais pura prol humana
onde eu nasci, cresci e me revejo.

Se o canto fosse um doce realejo,
balada ou hino, ou harpa, ou um hossana...
e eu fosse o poeta que desejo
cantava a nossa alma alentejana.

Ó castelo... tão belo e altaneiro...
debruçado sobre o mar que é a planície
onde meu coração anda em viagem...

És o ponto mais alto, és um luzeiro
de onde abarco o sonho, á superfície
das ternas ondas verdes da paisagem.

  Matos Serra, in Belezas do Alentejo.