segunda-feira, 16 de dezembro de 2013


    RECORDAÇÕES

Existe junto à vila de Monforte, minha terra, uma fonte velhinha como os séculos, que nos tempos passados fornecia água à população e a que os antigos atribuíam propriedades curativas.

A velhinha fonte está envolvida por um ambiente natural, bucólico e muito acolhedor e por ter sido, durante séculos, um manancial para os habitantes, perde-se na noite dos tempos a sua designação carregada de um profundo sentimento – “FONTE DA VILA”.

Para completar o quadro afetivo, o poema que segue radica no mote de uma poetisa minha conterrânea, “ROSA PIRES, que, como eu, se deixou inspirar por esse quadro bucólico que em tempos foi para mim lugar de constantes peregrinações

 

MOTE

 

És vida, poema e cor,

Que sais da terra fresquinha,

Espelho, pureza, esplendor,

Fonte da vila, rainha.

 

Aqui, onde, em tempos idos,

vinha beber tuas águas,

em silêncios recolhidos

lavava penas e mágoas…

Entre as urzes e as fráguas

eu sentia em meu redor

o silêncio redentor

das aragens destes montes…

Minha rainha das fontes…

És vida, poema e cor!...

 

Fonte, que és, da nostalgia

dos tempos da minha infância,

da água, enquanto caía,

ouço, ainda, a ressonância…

Sinto a suave fragrância

da natureza vizinha

e ouço de cada avezinha

um canto de terna calma…

Ternura doce p’rá alma

Que sais da terra fresquinha.

 

Recordo, da juventude,

o meu tempo das paixões,

em que, a água, era a virtude

que inundava os corações.

Em quantas ocasiões

eu fui colher uma flor…

para que a jura de amor

fosse solene e sentida…

e tu, fonte… eras ermida,

Espelho, pureza, esplendor.

 

 

 

 

Meu quadro vivo, sem preço…

ex-libris da frescura,

longe de ti não me esqueço…

mas, aqui… ardo em ternura.

Ao beber a água pura

a doçura me acarinha…

logo de mim se avizinha

uma onda de emoções…

Éden de recordações…

Fonte da vila, rainha.

 

 

Matos Serra in, Alentejo, suas belezas, suas terras e suas gentes.      

 

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