RECORDAÇÕES
Existe
junto à vila de Monforte, minha terra, uma fonte velhinha como os séculos, que
nos tempos passados fornecia água à população e a que os antigos atribuíam
propriedades curativas.
A
velhinha fonte está envolvida por um ambiente natural, bucólico e muito
acolhedor e por ter sido, durante séculos, um manancial para os habitantes,
perde-se na noite dos tempos a sua designação carregada de um profundo
sentimento – “FONTE DA VILA”.
Para
completar o quadro afetivo, o poema que segue radica no mote de uma poetisa
minha conterrânea, “ROSA PIRES, que, como eu, se deixou inspirar por esse
quadro bucólico que em tempos foi para mim lugar de constantes peregrinações
MOTE
És vida, poema e cor,
Que sais da terra fresquinha,
Espelho, pureza, esplendor,
Fonte da vila, rainha.
Aqui, onde, em tempos idos,
vinha beber tuas águas,
em silêncios recolhidos
lavava penas e mágoas…
Entre as urzes e as fráguas
eu sentia em meu redor
o silêncio redentor
das aragens destes montes…
Minha rainha das fontes…
És vida, poema e cor!...
Fonte, que és, da nostalgia
dos tempos da minha infância,
da água, enquanto caía,
ouço, ainda, a ressonância…
Sinto a suave fragrância
da natureza vizinha
e ouço de cada avezinha
um canto de terna calma…
Ternura doce p’rá alma
Que sais da terra fresquinha.
Recordo, da juventude,
o meu tempo das paixões,
em que, a água, era a virtude
que inundava os corações.
Em quantas ocasiões
eu fui colher uma flor…
para que a jura de amor
fosse solene e sentida…
e tu, fonte… eras ermida,
Espelho, pureza, esplendor.
Meu quadro vivo, sem preço…
ex-libris da frescura,
longe de ti não me esqueço…
mas, aqui… ardo em ternura.
Ao beber a água pura
a doçura me acarinha…
logo de mim se avizinha
uma onda de emoções…
Éden de recordações…
Fonte da vila, rainha.
Matos Serra in, Alentejo, suas belezas, suas
terras e suas gentes.
Sem comentários:
Enviar um comentário