domingo, 16 de agosto de 2015

POR TERRAS DE MONFORTE

            MOTE
Monforte é vila tão bela!...
Quem não sentiu? Quem não disse?
Mais que vila... É aguarela
que tem por fundo a planície.

Se viajo pela estrada,
que a demanda, e lanço a vista,
me parece projetada
no seu monte, cuja crista
é uma joia marchetada
de brancura imaculada...
travo, paro... e, fico a vê-la
e, me parece uma estrela
que irradia luz e vida.
Alentejo é terra querida...
Monforte é, vila tão bela.

E, quando sigo viagem,
nas nuances do trajeto,
se, às vezes, perco a imagem
ganho, 'inda mais, em afeto...
então, apelo à paisagem
que me traga a doce aragem
que desliza à superfície,
como se fosse a meiguice
das mãos de um deus benfazejo...
Ternuras do Alentejo...
Quem não sentiu? Quem não disse?

Que viajar é preciso
disse, algures, um bom poeta...
andar neste paraíso
é a viagem dileta...
Alentejo é um sorriso
onde eu sinto que deslizo
na textura de uma tela...
tão divina quão singela...
Terra tão bela... que, ainda,
é mais bela que a mais linda...
mais que vila, é aguarela.

E vou visitando os montes
e vendo pastar os gados...
as cachoeiras e fontes,
o terno verde dos prados...
Cruzo estradas,  passo as pontes...
Monforte! Não me recontes
lembranças da meninice!
...Posso entrar na pieguice
e sofrer meu coração...
por esta terna mansão
que tem por fundo a planície.

   Matos Serra

In, o Alentejo, as Terras e as Gentes.

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