quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O FADO - PATRIMÓNIO IMATERIAL E CULTURAL DA HUMANIDADE

SEGUNDO POEMA
TÍTULO: FADO PATRIMÓNIO MUNDIAL

O fado será um dia
património mundial,
cultura, sonho e poesia
de uma alma universal.
Irá no tempo e no espaço
por esse mundo, em geral,
ser a voz e o abraço
muito terno e fraternal.
Paira no ar a proposta
pela qual eu lutarei,
ao ouvi-la, por resposta,
numa guitarra peguei.

Que bom seria se o mundo
assumisse esta matriz,
que este cantar tão profundo
tem na saudade a raiz.
Canto, pranto ou sentimento
que veio de várias paragens
depois do renascimento
pelas nossas marinhagens.
Já viram? Que bom seria?
Sem guerras... unificado...
o mundo tivesse um dia
só para cantar o fado.

E não me levem a mal
dizer que o fado em verdade
é cantar transnacional
de amor, pranto e saudade.
Canção que fado se chama,
dolente, triste e fagueira,
com raízes em Alfama
trazidas da Terra Inteira.
África, Índia, Brasil...
em terras que visitei
encontrei o seu perfil,
não pude cantar, chorei.

Nas caravelas do Gama
se transportaram raízes
que depois foram matrizes
desta Alma Lusitana.
Bairro Alto ou Madragoa,
Graça, Pina ou S. Vicente...
desabafos em Lisboa
trazidos do Oriente.
P'la universalidade
que eu no fado procurei
senti a fraternidade
não pude cantar, chorei.

Matos Serra

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