OS TRÊS POEMAS QUE SE SEGUEM TRATAM DE FORMA BEM HUMORADA O ADÁGIO REFERIDO, SEM ESQUECER, NATURALMENTE, A MORALIDADE QUE O ADÁGIO ENCERRA, QUE É A CRÍTICA ÀQUELES QUE POR DEMORAREM MUITO A PASSAR DA PREMEDITAÇÃO À AÇÃO PERDEM, PERDEM, POR ISSO, A OPORTUNIDADE DE ATINGIR, ATEMPADAMENTE, OS SEUS OBJETIVOS.
PRIMEIRO POEMA: SENTIDO FIGURADO
Neste tão velho ditado,
o rabo que vem descrito
tem sentido figurado;
ele é, ao fim e ao cabo,
'ma outra forma de rabo...
não o própriamente dito.
Dito não literalmente...
não é cauda propriamente,
mas algo mais redondito;
aquela forma inocente,
que é, afinal, somente,
'ma espécie de buraquito,
que fica localizado
no ponto mais recuado
da 'strutura do burrito.
Dar de rabo na moral,
não sou eu a fazer tal...
por isso, devo dizer:
o que houver para fazer
não se guarde p'ró final
quando a pena já não vale.
Dizia certo poeta,
de forma muito concreta,
muito concreta e serena...
para se atingir a meta
tudo vale sempre a pena,
se a alma não é pequena.
Mas... eu, nem sou da poesia...
nem de grande pensamento...
nem me tenta a fantasia
de ir fazer filosofia
sobre o rabo de um jumento...
que, para além de figurado,
é um burro já finado,
e, por esse passamento,
eu só não choro e lamento
por ser um burro inventado.
Matos Serra, Novembro de 2003
SEGUNDO POEMA: UMA CEVADA PERDIDA
O burro, nunca foi burro...
neste rifão ou ditado,
o dono, é que foi casmurro,
por não ter tido cuidado.
A moral, que aqui, vale,
nisto o adágio é perfeito
e atinge razão plena...
o esforço é fundamental,
mas sempre deve ser feito
quando ainda vale a pena
e a perspetiva é real.
A ação, como a ração,
não deve ser descuidada
e deve ser colocada
com cuidado e prontidão
na forma que lhe é devida,
sempre à porta da entrada
não à porta da saída...
e neste caso, a cevada,
traduz ação atrasada,
é uma cevada perdida
e foi desaproveitada
por ter sido colocada
a uma porta já fechada
e, além do mais, proibida.
A moral daqui tirada,
eu digo ao rever a cena
que a ação não vale a pena
se estiver ultrapassada,
e, daqui deduzo a razão,
porque ao fim e ao cabo
se inventou este rifão:
BURRO MORTO, CEVADA AO RABO!...
Matos Serra, Novembro de 2003
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